Blog do JM

03 maio, 2006

Diário da Índia – Parte II: Agra, Fatehpur Sikri e a cidade sagrada de Varanasi

07/01/06 – No tumulto de Agra
O riquixá chega no horário e estaciona à porta do ashram Okaranamda Saddam, em Rishikesh. O garoto da recepção, interrompe o seu sono, sobre o mármore frio, para avisar-me. Acordei as 4h30 da manhã e viajo sem banho, pois não tive coragem de enfrentar a água gelada numa noite de temperatura em torno de zero grau. Despeço-me, emocionado, da linda paisagem do Ganges ainda refletindo na escuridão as luzes do altar de Rama, Sita e Hanumam e o ghat majestoso do ashram Parmath na outra margem. Chego a estação ferroviária de Haridwar bem antes do horário da partida do trem que me levará a Agra. Espero, espero. Frio demais, talvez abaixo de zero, não há termômetro na estação. Comprei bilhete da primeira classe, mesmo assim o trem é antigo, com cabines dotadas de cama. Fico com outras três pessoas. Uma delas a médica Hinco, da cidade de Dehra Dun, no Utaranchal, que segue para Agra com a filha Burbul, de 3 anos.
Hinco , especializada em terapia intensiva, é da nova geração de mulheres indianas. Usa calça comprida em vez do sari, toma (muita) Pepsicola e viaja lendo a revista Femina, que lembra uma revista feminina ocidental. Nas matérias, muita moda do ocidente, uma reportagem sobre as mulheres brasileiras e seus corpos avantajados, mas também receitas de comida.
Converso com Hinco, deitado. Estou cansado. Ela ri quando digo que meu inglês é mais precário que o de sua filhinha. Depois a conversa se amplia com a participaçãoo de um rapaz, timido, que é sargento do Exercito indiano. Umm dia de jejum. No trem para Agra, ao contrário do que me levou de Delhi para Rishikeshi, nada serviram e eu fiquei com receio de comer as panquecas oferecidas por vendedores que entram no trem nas inúmeras paradas. Só tomo chá e leite com chocolate.O trem é muito lento e atrasa quase 4 horas num percurso de pouco mais de 400 quilômetros.
Na descida em Agra, um horror. Sou cercado por vendedores e cambistas que a todo custo querem me levar para algum hotel. No tumulto, encontro duas estudantes sul-coreanas, Kim e Won (acho que com menos de 20 anos de idade), que aparecem na foto acima. Elas estão apavaradas com o cerco e se juntam a mim. Falam menos inglês que eu. Vamos ao guichê de informacões, telefonamos para o hotel Sheela, que fica a 200 metros do Taj Mahal e a 15 quilômetros da estação ferroviária. Ninguém atende. Os cambistas dizem que está lotado. Decidimos correr o risco e ir ate lá. Alugamos um auto-riquixá prepago por 62 rúpias e nos lançamos a aventura pelas ruas escuras. No riquixá cabem dois. Sentamos os três com as respectivas mochilas e acessórios no colo. Só nossas cabeças de fora. Um frio de cortar. A pequena carruagem é aberta.
Somos bem recebidos no hotel mas, como não temos reserva, o recepcionista diz que vai conseguir dois apartamentos nos fundos por apenas uma noite. No dia seguinte teremos de mudar de hotel, de preferência para o Sheela Inn, da mesma empresa. Almoço então às 8h da noite, dividindo a mesa com uma jovem alemã que viaja sozinha pela Índia. Ela me passa algumas informações. Telefono para minha casa e para a dos meus pais. Estou exausto. E no banheiro, apesar da promesa de água quente, o banho em balde era frio!
08/01/06 – O esplendor do Taj Mahal
É sábado e acordo com um princípio de resfriado (coisa rara de acontecer comigo). Enfrentei muito frio na madrugada. Aqui no interior da Índia é difícil encontrar chocolate em barra. Estava sem nenhum recurso, tremi demais na madruga, não dormi satisfatoriamente. Faço fotos com as coreanas. Após tomar um café da cafe da manhã reforçado, na companhia da jovem alemã, mudo de hotel. Vou para o Sheela Inn, hotelzinho novo, porém, mais distante do Taj Mahal. Depois, driblando o cerco agressivo de vendedores, vou direto a entrada mais próxima do Taj. O palácio - na verdade o túmulo de uma rainha, construído pelo imperador Shah Jahan, no século XVII. É uma homenagem do imperador muçulmano a sua esposa mais querida, Mumtaz Mahal, que morreu durante o parto de seu 14º filho, em 1631. Mereceu o título de uma das 7 maravilhas do mundo, que ostentou por muito tempo.
Há um conjunto de edifícios na área do Taj Mahal, todos muito lindos e expressando a arte persa. No sol quente, agasalhado, o calor é intenso. Não consigo regular a câmera fotográfica Canon profissional. O sol intenso sobre o Taj Mahal estoura tudo. Minha maquininha Fuji Fine Pix entra em açãoo. Reencontro lá as meninas coreanas, que decidiram ir para outro hotel, mais barato. Elas são muito simpaticas. Estou sem energia, cansado. A visita aqui pode durar até um dia.
No meio da tarde vou ao Agra Fort (foto à direita), outro monumento junto ao rio Yamuna, onde o imperador que construiu o Taj foi aprisionado depois. Não entro. Teria que pagar mais 250 rúpias, eu ja pagara 750 no Taj e estava muito cansado. Faco fotos no átrio da recepcao e por fora. Ao tentar voltar ao Taj Mahal, reencontro as coreanas, mas agora eu estou no meio de uma discussão com um motorista de riquixá. Pedira para ele me levar de volta ao Taj (eu combinara com o oficial de segurança que voltaria para complementar minhas fotos no pôr-do-sol, com a máquina Canon) e quando o rapaz tomou outro rumo eu saltei da carruagem e desisti.
Acabei indo em outro riquixá, mesmo assim o motorista parou várias vezes no caminho para tentar me convencer a ir a lojas. Depois me disse que ganha comissão, que precisa disso para viver melhor, me pediu ate o casaco de frio. Expliquei a minha situação e exigi que me levasse até a entrada do Taj Mahal.Nesta tarde foi dificil lidar com os cambistas. Eles estavam demais. Agra tem monumentos incríveis, mas é um lugar onde o turista é infernizado o tempo todo.
Amanhã irei a Fatehpur Sikri , a cidade que foi construida para ser a sede do império mugal na India, situada a 46 quilômetros daqui. Depois quero repousar, pois às 7h da noite embarcarei para Varanasi, outra cidade sagrada do hindus, e a viagem de trem devera durar no mínimo 15 horas. Quero sair de Agra. Este lugar, preferido pelos turistas, não faz o meu gênero. Vou para o Hotel Sheela Inn, para onde mudei hoje, e quero um big jantar.

09/01/06 - Fatehpur, a cidade-fantasma
Na Índia é preciso confiar. Na noite anterior, ao sair de uma Lan House junto ao Taj Mahal, onde digitei meus emails, era mais de 21h e já não havia mais lojas abertas nem riquixás para me levar até o hotel Sheela Inn. Frio, nevoa e escuridão na avenida. Fui até a rua ao lado e encontrei uma outra Lan House, que é também agência de turismo, aberta e sem nenhum cliente. Em frente, alguns funcionários jogavam voleibol. Perguntei se não havia mais riquixás. Vijay, um rapaz que é o dono do negócio, disse que não, mas se ofereceu para levar-me até o hotel. “Fique aqui. Vou pegar o meu carro”, disse. Tive receio, mas não havia alternativa melhor. Entrei no carro e ele foi fazendo perguntas sobre o meu roteiro no dia seguinte. Acabei fechando negócio com ele para me levar a cidade imperial de Fathepur Sikri. Fiz isso mais por gratidão pelo favor que ele estava me prestando.Valeu a pena.
Hoje fui às ruinas de Fatehpur Sikri, no conforto de um automóvel. Se fosse de riquixá certamente teria piorado do resfriado, pois em todo lugar há poeira demais. Em Fatehpur acabei contratando um guia local, que me falou sobre a mesquita, o túmulo sheik Salim Chishti, sobre o palacio real, etc. O rapaz ainda me ajudou a fazer fotos. A Fatehpur histórica é uma cidade-fantasma. Foi habitada durante apenas 20 anos. Uma seca longa, que acabou com a água na região, tornou-a inóspita demais. Mas hoje é um local importante para os muçulmanos da Índia. Sua linda mesquita, mesmo desativada, atrai fiéis, inclusive sufis.
Ao longo do caminho de Agra a Fatehpur encontrei inúmeros lingam (insígnia ou pênis) de Shiva na entrada dos campos, nas vilas. Esse é um dos principais ícones de adoração na Índia. Na volta, acertei com o Vijay para levar-me a noite a estação ferroviária de Idghar-Agra (fora da cidade), onde tomaria o trem para Varanasi. A tarde fotografei meninos jogando cricket (o esporte nacional aqui), almocei na cobertura do hotel e, de lá, fotografei a cidade, o Taj Mahal e o vizinho megahotel Oberoi, enorme e luxuoso (200 dólares a diária, caríssimo para o padrão indiano), erguido no meio de casas humildes, numa rua sem pavimento.
Cheguei cedo a Idghar e esperei o trem por três horas no maior frio. Idghar é uma pequena estação, um galpão aberto, com alguns bancos sujos, paredes escarradas, como muitas estações na Índia. Nesse período de espera houve dois blecautes (falta luz dezenas de vezes durante o dia nas cidades indianas, todo hotel ou loja tem seu gerador). Escuridao quase total na estação. Aparece um mochileiro russo que inicia conversa comigo. Um rapaz de 25 anos, funcionário do servico de meteorologia de uma cidade próxima a Moscou. Chega com sua garrafinha de uisque na mão. Falamos sobre Rússia e Brasil, ele insiste para que eu tome sua bebida para superar o frio, mas não aceito. Aliviei a tremendeira com um chocolate que havia guardado na mochilinha. Depois chega um casal de jovens russos e o rapaz começa a se comunicar em sua língua nativa. Nos separamos quando o trem chegou.

A viagem para Varanasi foi solitária. Dessa vez me colocaram numa berth (cama de trem) lateral. Durante todo o tempo só bebi água mineral e comi biscoitos. O trem atrasou 5 horas. Em vez de 9 da manhã, chegou a Varanasi às 14h.
10/01/06 – Na cidade sagrada de Shiva
Na chegada a Varanasi, o cerco dos touts (vendedores) foi agressivo. Fui direto à sala de atendimento a estrangeiros, onde enfrentei uma fila para trocar a data de minha viagem para Gaya. Gripado, queria ficar um pouco mais para descansar num bom hotel. Marquei para o dia 12. Enquanto estava na sala, dois vendedores que me seguiram desde o momento emque piseina plataforma da estação, abriram a porta para ver se eu ainda estava lá. A impressão que a gente tem é se trata de um assalto iminente, mas é só gente pobre querendo ganhar uma pequena comissão. Vou então ao Centro de Informacões Turísticas, peço informações sobre preço de riquixa até o Hotel Surya ( foto à direita) e volto à batalha com os vendedores. Insisto que quero um riquixa pré-pago. O vendedor que me abordou na porta do trem me leva até um e vai comigo até o hotel. Um rapaz tímido, bem humilde, mas insistente. Dou uma gorjeta no final.
Na saida da estação central, uma cena impressionante. Milhares de pessoas sentadas no pátio da estação. Muitos peregrinos que vem a Varansai para cumprir obrigações religiosas. Varanasi é uma das cidades sagradas do hinduísmo. Teria sido fundada por Shiva, um dos integrantes da trindade divina do hinduismo. Vem peregrino de toda parte, muitos apenas para morrer aqui, pois acreditam que morrer em Varanasi os livra da roda das encarnações. Varanasi (3 milhões de habitantes!) é empoeirada, confusa, uma loucura para os olhos ocidentais, mas a religiosidade está em cada esquina nos milhares de santuários de rua, que os hindus chamam de templo independentemente do tamanho.
O Surya é um hotel elegante e confortável (umas 3-4 estrelas no Brasil), tem um jardim central muito bonito, apartamentos com um certo luxo e com água quente a toda hora (uma raridade na Índia), além de um restaurante requintado instalado num antigo palacete que pertenceu ao rei do Nepal. Como me sentia fraco, resolvi burlar minha dieta vegetariana (na India, a comida vegetariana é básica, mas é fraca, sem soja). Comi um prato com pedacos de frango. Não tinha hot spice (molho picante). Pois bem, na madrugada tive diarréia. Acho que o molho picante protege contra bactérias.
Tudo aqui, no hotel, é um pouco mais caro do que lá fora. Internet, lanches. Mesmo assim, a parada no Surya tem sido boa e repousante. Queria assistir a um Kirtan noturno (das 20h a meia noite) no templo de Hanumam, mas o recepcionista do hotel desaconselhou-me, pois já eram 23h e a cidade está escura com o blecaute.
11/01/06 - Os rituais nos ghats de Varanasi
Acordo cedo, às 5h. Comprara um bilhete para um passeio guiado à Old Varanasi (Varanasi antiga), incluindo um trajeto de barco no rio Ganges (ao longo dos ghats, as escadarias onde os devotos se concentram) e uma visita à Universidade Hindu e templo de Durga. Encontro, ainda na escuridão da madrugada, um casal da Nova Zelândia que eu vira rapidamente no trem (Dougal e Sonya McGowen), juntamente com um casal de holandeses (Tomas Simons e Martha), todos jovens mochileiros (na foto à esquerda estamos no café Bread of Life, os neozelandeses ao meu lado). Eles se aquecem em torno de uma pirâmide de fogo junto com funcionários do hotel. Aqui o fogo está presente em tudo, nas cerimônias dos templos e nas portas de casas.

Saímos, os cinco, numa pequena Van em direção à Old Varanasi, o motorista falando um inglês pausado e claro, explicando a origem da cidade, seus diferentes nomes (Kashi para os hindus, Benares para os muculmanos que dominaram a regiao_ e Varanasi, nome que é a reuniao de Varuna e Asi, duas rios). Fala sobre Shiva, sobre a purificaçãoo nas águas sagradas do Ganges (Ganga, em sânscrito, nomeia o rio, que é também deusa), sobre as cremações de cadáveres para que o fogo purifique as almas e as impulsione ao nirvana. Descemos da Van e adentramos a Varanasi antiga caminhando por vielas mais estreitas que as da medina de Fès, no Marrocos, sujas, enlameadas. Chegamos a um ghat, descemos a escadaria e passamos a um barco, onde o barqueiro passa a ser o nosso novo guia.

Percorremos o Ganges na alvorada, ao longo dos muitos ghats, o barqueiro explicando explicando sobre cada um deles (o mais importante e o Dashaswamedh), sobre os templos e os palácios edificados por antigos marajás, hoje sujos e abandonados. Há uma pequena multidão de pobres, muito pobres, devotos já se banhando nas águas poluídas desse trecho do Ganges. Ali se escova os dentes, se bebe a água. Fotografo tudo. Os meus amigos de passeio me ajudam. Mas tenho de guardar a máquina quando chego ao primeiro ghat de cremacao. Ja há corpo sendo queimado. E proibido fotografar nos templos e nesses ghats. Fotografo o lindo nascer do sol no Ganges, um momento especial para turistas e para fiéis.
Voltamos à van e vamos em direção à Universidade Hindu e ao templo de Durga (dentro da Universidade), agora na companhia de outro guia, um cara inteligente e versado em hindusimo. É o primeiro guia que desce a detalhes da filosofia veda, aprendo sobre o significado do mantra Om, sobre o tridente de Shiva (que aparece em todos os templos), sobre a unidade na diversidade. No final, só eu dou uma gorjeta para o guia. Os neozelandezes e holandeses, não. Acho que ele deu uma pequena aula de hinduismo, mas só eu estava interessado no assunto.Tomas e Dougal dizem que não querem voltar para o hotel. Vão conhecer a cidade velha, caminhando. Fico com eles. A van nos deixa no “Bread Of Life”, um café requintado em meio à sujeira da cidade antiga, onde tomamos café da manha. Durante o café descubro que a mulher do Tomas é colombiana, radicada há muitos anos na Holanda, e converso um pouco com ela em portunhol.

Depois, seguindo apenas os mapas de nossos guias (Lonely Planet e o meu The Tough Guide to India), nos aventuramos por um passeio, inicialmente pelos ghats. Visitamos os principais, conversarmos com as pessoas, fiz mais fotos e assistimos a duas cerimônias de cremacao. É chocante. O corpo é colocado na grande fogueira e na medida que vai virando cinzas, é virado como um churrasco. Os familiares, só os homens, são mantidos à distância. As mulheres ficam em casa para não perturbarem a cerimônia com o choro. Há muitas vacas no local. A cremação é um procedimento de purifificação. Só homens comuns são cremados junto ao Ganges. Os sadhus (homens santos,que vivem mendigando ou habitam cavernas) não são cremados. São simplesmente atirados ao Ganges. Eles não precisam ser cremados. Os sadhus já vivem com Shiva, diz um indiano para mim. Sempre encontramos essas pessoas simpáticas que nos explicam tudo sobre a cremação e , no final, pedem algumas rúpias para comprar madeira para as fogueiras. Vemos um cadáver boiando no rio. Penso que é gente, mas é uma vaca. Pertinho, devotos tomam banho.
Na cidade velha, creio, escalamos, em cerca de duas horas, mais de 1 000 degraus. A Faáima não resistiria. Também nos ghats encontro e fotografo os famosos limpadores de orelhas, que me oferecem os seus serviços. Há iogues e falsos iogues chamando para sessões de meditação e yoga e terapeutas ayuvérdicos querendo a todo custo fazer uma massagem no turista ali mesmo (alguns aceitam). Para tomar refrigerante no alto de um palácio antigo, mais cinco andares a pé. Depois nos perdermos nas vielas, à procura do Templo Dourado, que fica junto a uma mesquita, no centro da cidade antiga, por sua vez guarnecida por dezenas de policiais. É que a mesquita foi construida no lugar de um antigo templo hindu, durante o domínio muculmano, e há sempre a ameaça de hindus fanáticos de destrui-la. Revezamos a entrada no templo. E preciso deixar fora a nossas mochilas, câmeras e celulares. Estrangeiros só podem ter acesso ao pátiodo templo. O interior, só hinduístas indianos.
Percorrendo as vielas da Old Varanasi vemos como na Índia os tempos se interligam e convivem. Naqueles becos tumultuados há um retrato vivo da vida há centenas de séculos, um comercio esfuziante e a presenca da Internet e dos telefones high-tech que aqui encontramos em toda esquina. Na ruela estreita passam pessoas, vacas, motos, lambretas, quase que por milagre. E numa das portinhas vi a entrada para um curral de vacas leiteiras, bastante gordas. Isso mesmo. Um curral no meio daquela confusão, com as vacas entrando e saindo por um portinha estreita e humilde.Cansados, decidimos voltar ao hotel às 13h. Tomamos um riquixá por 60 rúpias. Acertamos que eu e os holandeses iriamos em um riquixá e os neozelandeses em outro. No final. Fomos os cinco no mesmo riquixá, com os neozelandseses pendurados ao lado do motorista. Ainda assim, não batemos o recorde. No caminho, encontramos outro riquixá com umas oito pessoas dentro (num espaco onde só cabem 3 e o motorista).
Desisto de ir a Sarnath, onde Buda fez seu primeiro discurso (sobre a Roda do Samsara). Teria mais rodar mais 17 quilômetros, o que na India é bastante cansativo. Dedico a tarde e a noite a descansar, me alimentar e preparar-me para a viagem a Gaya, no dia seguinte.

[No próximo relato, Gaya, Bodhgya e a árvore da iluminação de Buda, e Calcutá. Para ler o registro sobre Delhi e Rishikesh, consulte as Notas do Arquivo de Abril]
[Estas anotações informais complementam a reportagem do site
www.planetajota.jor.br e a edição especial ÍNDIA - A deusa de mil faces, da revista Viagem e Turismo, da Editora Abril]